sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Quem pergunta quer ensinar 5

Mas, quando o assunto são as perguntas que Deus faz, não há competidor à altura dos capítulos 38 a 41 de Jó. Nesses quatro capítulos eu contei rapidamente algo como 66 perguntas. É uma saraivada,uma metralhadora de questões feitas por Deus a Jó. Deus pergunta coisas como “Onde estavas tu quando eu lançava os fundamentos da terra? Acaso tu entraste até os mananciais do mar, ou passeaste pelos recessos do abismo? Sabes tu o tempo do parto das cabras montanhesas? Acaso deste forças ao cavalo ou revestiste de força o seu pescoço? Podes levantar a tua voz até as nuvens, para que a abundância das águas te cubra ou ordenarás aos raios de modo que saiam?” Mas talvez a pergunta mais desconcertante seja a primeira: “Quem é este que escurece o conselho com palavras de conhecimento?” Esta pergunta encontra eco na que inaugura o capítulo 40: “Contenderá contra o Todo-poderoso o censurador?” Ou seja: “Quem é este? Quem é este que está questionando seu Deus?

Jó tem sido louvado pelos séculos pela sua paciência, mas quem cunhou a expressão “paciência de Jó” decerto parou a leitura no capítulo 2 do livro. Nos demais todos vemos um homem lutando, discutindo, esbravejando, insistindo com Deus por uma resposta para a razão do sofrimento. Aquela enxurrada de perguntas é a resposta.
Curioso que você e eu sabemos a razão do sofrimento dele. Nós temos os dois primeiros capítulos do livro, sabemos que Jó foi fustigado por Satanás, que estava tentando provar a Deus que a obediência de Jó era fruto da proteção divina. Foi por isso que seus filhos morreram, que ele perdeu todos os bens e que foi atingido por horríveis feridas de pele. Mas ele não sabia disso e, a julgar pelo final do livro, morreu sem saber. Quando Deus lhe apareceu, fez-lhe aquele monte de perguntas sem resposta, virou as costas e Se foi.

Jó deixa claro que questionar, lutar, esbravejar não é um pecado. Deus restitui tudo o que Jó tinha antes em dobro e o livro é claro em dizer que Jó não pecou com seus lábios. Perguntar os por quês dessa vida não é um pecado. Reprimir a pergunta é um erro, porque a pergunta é humana, nós queremos entender e fingir que isso não faz diferença é hipocrisia, aquela coisa que Deus odeia. Mas Jó também deixa claro: nem sempre haverá respostas. Na sabedoria de Deus Ele vê que na maior parte das vezes o que nós precisamos não é de respostas. É uma oportunidade para confiar nEle. Entender as coisas nunca salvou ninguém. Confiar em Deus nunca deixou ninguém sem ser salvo.

Quando Deus atirou sobre Jó aquelas quase 70 questões num fôlego só, se Jó apurasse os ouvidos escutaria que a mensagem era: “minha graça te basta. Confia em Mim.” Deus não queria saber o tempo de parto da cabra montanhesa, Ele o sabia muito bem. O que Ele queria com Jó e continua querendo hoje com você é lhe fazer ver que chega uma hora em que é preciso parar de se debater e debater; é preciso acalmar o coração e fazer a mais importante de todas as escolhas: confiar nEle.

Nenhum comentário: