sexta-feira, 6 de março de 2009

Eu sou um sem terra assassino

Lavradores tomam a propriedade de um homem rico cometendo até assassinato na investida. Não, não se trata do noticiário de hoje, mas de uma parábola contada
por Jesus, evidenciando que conflitos por terra são antigos como o mundo. Ela era direcionada de forma primária aos líderes religiosos judeus, mas hoje vou tentar transformar você em um daqueles lavradores com instintos assassinos.

Relembrando: um proprietário arrenda uma vinha para alguns lavradores. Após a colheita, ele envia um servo para recolher sua parte. Aqueles lavradores, cheios de ódio de classe e, certamente, com justificativas excelentes aos seus próprios olhos, espancam o coitado e o mandam de volta.

O proprietário, então, manda outro servo, que é ferido mortalmente e humilhado. O próximo servo é assassinado e outros tantos se seguem, sendo espancados, mutilados ou mortos até que o proprietário toma uma medida extrema: chega com uma milícia e acaba com eles? Não, envia o próprio filho, o "filho amado", na esperança de que a ele os lavradores respeitem. O efeito é o contrário. Eles pensam que, matando o herdeiro, a terra será definitivamente deles e assim o fazem. Aí, e só aí, é que o proprietário "virá e destruirá os lavradores" (Marcos 12:9).

Você e eu também arrendamos uma vinha. Ela não é nossa. É dEle. Ele permitiu que nós a habitássemos, administrássemos, trabalhássemos e de seu fruto gozássemos. Essa vida é dEle. Esse corpo é dEle. O fôlego de vida que temos é dEle. O tempo que temos sobre este mundo é dEle, os talentos são dEle e cada mínimo recurso só está em nossas mãos porque Ele assim o quis.

Ele pode exigir tudo, mas pede uma pequena parte, apenas. Está certo, é pequena mas importante, é o coração, é o trono dos afetos, de onde fluem a adoração e a obediência. Para ter essa porção de tudo que nos deu, ele envia diversos servos. Ele apela de diversas formas. E, embora tendo o direito legal de, ante a primeira surra num desses servos, vir e tomar à força tudo que nos deu, Ele não desiste de apelar gentilmente. Ele tem esperança de que a justiça prevaleça e que abandonemos nossa pretensão ridícula de tomarmos como nosso o que Ele nos arrendou. É só depois que assassinamos seu filho amado que Ele dá por encerrada a fase de apelos e parte para a execução do justo juízo.

As "excelentes justificativas" que os lavradores têm para rejeitar os apelos do Senhor são, no fundo, ridículas. Quero aqui abandonar as minhas, deixar a justiça prevalecer e dar ao meu Senhor o que Ele me pede em troca do tudo que me deu. Quero parar de espancar seus servos. Quero abdicar de meus sonhos megalomaníacos de liberdade longe dEle. Vou abrir a porta a Seu filho amado e me ajoelhar a Seus pés.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, obrigada por isso, Marcone.
Olha, coloquei a música lá. Beijo, feliz sábado.