sexta-feira, 13 de março de 2009

Acima da média

Que tal ser tratado pelos seus vizinhos, colegas de trabalho e amigos como um doente – no sentido moral da palavra? Como o mais vil, indecente, imoral e abjeto dos seres? Nada agradável, suponho. E, no entanto, é como era tratado alguém que se recusava a engrossar as fileiras do nazismo na maior parte dos círculos sociais da Alemanha dos anos 30. Por outras palavras, o que é hoje visto como uma postura nobre e destemida em favor do que é certo, justo e bom, na sua esfera mais estreita de relacionamentos era pior do que ser um leproso no Oriente antigo.

De igual modo, as primeiras vozes que se levantaram contra a escravatura nos séculos XVII e XVIII foram tratadas a bordoadas. A mentalidade reinante, a moral do tempo, reputava plenamente justificável manter pessoas de outras raças em gaiolas como bichos, mesmo em círculos que se orgulhavam de seu absoluto e universal cristianismo.

Quando penso nisso, lembro de meu professor de religião do ensino médio contando do dia em que houve um acidente de carro em frente a sua casa. Havia uma mulher e crianças feridas. Logo uma pequena multidão se formou em torno do veículo, a maior parte de curiosos sem mais o que fazer e entre eles o meu professor. De repente, um carro guiado por alguém com muita pressa ou sem nenhuma paciência começou a arremeter contra a multidão para atravessá-la. As pessoas que estavam ali, decerto convencidas de que estavam ajudando, começaram a gritar e socar o capô do apressadinho. Quando o carro chegou à frente do meu professor, ele se flagrou tascando a mão no capô do carro também. Quando se deu conta do que estava fazendo, afastou-se envergonhado. Foi levado a agir como a multidão estava agindo sem pensar se socar carros e xingar pessoas era algo que casava com a ética e a moralidade que ele professava.

Um dia, Jesus disse que ia ser preso, torturado e morto. Os discípulos todos, capitaneados por Pedro, disseram que morreriam com Ele, mas quando os soldados apareceram eles saíram correndo. Só Pedro ficou, mas quando apertado contra a parede, negou a Cristo. Era o que todos estavam fazendo. Infelizmente ele não foi capaz de manter sua palavra: “Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu” (Marcos 14:29).

Esses exemplos foram todos jogados aí com uma finalidade única: fazer você pensar se a moralidade reinante no seu círculo social imediato não teria pontos questionáveis que a prática geral acaba por tratar como normal e aceitável. Fazer você meditar se não está fazendo concessões em pontos inegociáveis apenas para estar em paz com a coletividade. Fazer você lembrar que há coisas que são certas e coisas que são erradas, e que fomos salvos por Cristo para as primeiras, mesmo que isso acabe sendo inconveniente ou que atraia a fúria de outras pessoas. Você foi chamado para ser acima da média.

Um comentário:

paulo roberto disse...

Marcão (desculpe a intimidade, mas já te acompanho há tempos):

chega de descansar. Agora é preciso voltar.
Esperei um texto seu prá antes da Pascoa ...

Abraço,
e breve retorno (espero eu).

Espero também que o motivo do afastamento seja bom e agradável ao menos prá vc.

Paulo Roberto