sexta-feira, 30 de julho de 2010

A oportunidade

Para nós, adventistas do sétimo dia, a adolescente Ellen Harmon, depois White, foi chamada por Deus para ser profetisa aos 17 anos. Isso significa que Deus tinha uma mensagem específica para aquele tempo e que Ele a confiou a Ellen. Ellen não apenas registrou as mensagens que recebeu em visões, mas também escreveu milhares e milhares de páginas em comentários riquíssimos sobre a Bíblia e sobre diversos outros assuntos.

Mas o que é o trunfo dos adventistas é também sua maior vidraça. Outros grupos cristãos têm acusado Ellen de uma porção de coisas: afirmam que suas visões seriam fruto de algum tipo de epilepsia provocada por um acidente ocorrido em sua infância e que ela cometeu plágio em seus livros, entre outras coisas, além de afirmar que a relação que os adventistas têm com ela é de uma veneração fora de propósito, como se ela fosse uma espécie de papisa do adventismo.

No meio desse conflito, nós, que acreditamos em seu dom profético, somos tentados a questionar o próprio Deus em Suas escolhas. Por que razão confiar um tesouro a um instrumento equívoco, passível de tanta polêmica?

A Bíblia registra eloquentes apelos a darmos ouvidos aos profetas, advertindo que “não havendo profecia o povo se corrompe” (Proverbios 29:18), mas também traz sonoras advertências para termos cuidado com os falsos profetas, que infestariam o mundo especialmente nesse tempo em que vivemos. Ela dá os elementos para julgarmos um profeta verdadeiro (basicamente: uma vida coerente com a mensagem que prega, uma pregação em harmonia com a Bíblia e, se fizer previsões para o futuro, que elas se cumpram), mas estaríamos mais confortáveis com setinhas celestes de neon sobre o dito cujo e anjos voando ao redor para termos certeza de que é mensagem divina, e não, por exemplo, epilepsia.

Bem, convém lembrar que algumas vezes houve mesmo setinhas e anjos. Moisés, por exemplo, quando levantava seu cajado poderia cair – ou cessar – uma praga sobre o Egito ou abrir o Mar Vermelho, mas os que viram essas coisas acontecerem, à sua primeira ausência, começaram a adorar um bezerro de ouro dizendo que ele, o bezerro, é quem havia feito tudo aquilo. Jesus também realizou uma série de milagres e você sabe o final da história.

Portanto, parece que todo nosso anseio por um instrumento inequívoco não é muito útil na prática. Provas sobrenaturais não garantem a recepção da mensagem que Deus está dando. Assim mesmo: por que razão Deus não confia Sua mensagem aos anjos ou a escreve em letras de fogo no céu?

Imagine que você está na sua igreja e que de repente se levanta alguém dizendo que tem uma mensagem divina para dar. Ora, isso já aconteceu muitas outras vezes. A Bíblia está recheada de relatos de pessoas que fizeram o mesmo, logo, o profeta na sua igreja goza do benefício da dúvida. Qual é a sua reação?

O que está acontecendo aqui é uma oportunidade fantástica. Você está sendo confrontado com o dilema: crer ou não crer? Para resolver esse dilema de forma consciente e para que você fique de consciência tranquila, só há um jeito: orar muito a respeito e estudar a Bíblia. Portanto, Deus está oferecendo a oportunidade de você chegar mais próximo dEle, e de exercitar fé, esse elemento magnífico “sem o qual é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6). É por isso que ele levanta pessoas ordinárias, pessoas comuns e confere a elas mensagens incomuns. Porque essas mensagens só vão atingir o efeito transformador que Ele deseja nos corações daqueles que, confrontados com a dúvida, após orarem e pesquisarem suas Bíblias, decidirem crer.

Feliz sábado, @migos!

Marco Aurelio Brasil, 30/07/10