sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Nós, farinha do mesmo saco

Na última semana falei daquilo que nos diferencia dos demais (só as roupas que usamos? O que comemos ou deixamos de comer? etc) e eis que ontem tiro um tempo para ler um livro que comprei há algum tempo e nele leio o resultado de uma pesquisa publicada em 2007 nos EUA: "Quando solicitados a identificar suas atividades nos últimos trinta dias, cristãos convertidos afirmaram haver apostado a dinheiro, visitado sites pornográficos, tomado algo que não lhes pertencia, consultado um médium ou vidente, haver brigado fisicamente ou abusado fisicamente de alguém, haver ficado legalmente bêbados, tomado drogas ilegais ou não prescritas, dito alguma mentira sobre alguém, haver espalhado comentários maldosos sobre alguém pelas suas costas e haver dado o troco por alguma ofensa recebida na mesma proporção que os que não têm nenhuma prática religiosa" (UnChristian, David Kinnaman). Ele continua afirmando que a incidência de comportamento sexual inadequado, que vai desde o consumo de pornografia até relações sexuais fora do casamento, aparece praticamente na mesma proporção entre cristãos e não cristãos (30% naquele grupo, 35% neste).

Aparentemente a prática da religião não tem efeito algum sobre o cerne das pessoas. Na hora de tirar uma vantagem pessoal, cristãos são tão rápidos no gatilho quanto os demais. Na hora de devolver o mal com mais mal, não se pode esperar uma atitude diferente daqueles que semanalmente vão às igrejas ouvir sobre amor e perdão. Quando o assunto é a vida privada e o que você faz quando ninguém está olhando, não há vantagens para os que deveriam ser "novas criaturas".

Em suma, somos aqueles discípulos antes da terapia de choque que foi a cruz para eles. Deixamos o discurso entrar por uma orelha e sair pela outra. Oferecemos escusas. Outro dia eu passava uma lição da escola sabatina sobre perdão e só ouvia apartes de que isso era relativo, que a gente perdoa mas não esquece, etc. Não tem como ser diferente assim, sem o que Brennan Maning chama de uma atitude de "obediência radical" ao evangelho. Talvez precisemos ter o chão arrancado de sob os pés, como os discípulos tiveram, para sermos pessoas essencialmente diferentes das que temos sido.

Malaquias 3:18 fala sobre o dia em que "vereis novamente a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que o não serve". Quando esse dia chegar, estar no grupo dos justos vai requerer um preparo. Vai requerer uma entrega a Jesus Cristo bem mais profunda da que temos praticado. 

Porque a sua religião não presta para porcaria nenhuma se você é tão diferente da pessoa a quem diz seguir quanto qualquer outro.