sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fim do mundo? Yes!

Em 1988 a banda de rock alternativo americana R.E.M. lançou um single com a canção It´s the end f the world as we know it (and I feel fine), que teve relativo sucesso e que decerto está sendo executada um pouco mais do que o normal hoje. Houve um grande barulho em torno do fim do mundo supostamente profetizado pela civilização maia. Hoje, 21/12/2012 se encerraria um ciclo astrológico de 26 mil anos, o que levou grupos esotéricos a anunciar para a data nada menos que o fim do mundo. Hollywood e seu filme-tragédia 2012 se incumbiram de fazer o resto, ou seja, propagar a ideia por aí. O assunto foi tratado pela maior parte das pessoas com ironia, mas é curioso ver que na visão generalizada, "fim do mundo" é algo terrível, com o que não pode haver um "I feel fine" (eu me sinto bem) associado. A visão do fim do mundo como uma catástrofe a ser evitada é universal. Nos filmes de heróis, o mundo é sempre salvo da destruição pela atuação de uns poucos. Um outro exemplo bem didático é o filme "A Sétima profecia", estrelado por Demi Moore. Ele começa com os sete selos do Apocalipse sendo quebrados por Jesus, dando início a catástrofes localizadas. De repente o filme introduz uma crendice a respeito de uma sala de almas no paraíso. O mundo estaria acabando porque as almas lá estavam se
esgotando. É o bebê que a protagonista está gestando que "salva o mundo", repovoando a tal sala de alguma forma, e aí o Apocalipse foi cancelado. Todos respiram aliviados e podem seguir sua vida frágil, vulnerável, cheia de prazeres vãos, cheia de alegrias fugazes e projetos egoístas, interrompidos muitas vezes pela dor e pela solidão. Outra reação normal à febre do fim do mundo é pretender "aproveitar" os últimos momentos para fazer as coisas que você se negou, os desejos que você reprimiu. Já que amanhã não vai haver ninguém cujo juízo a seu respeito você precisa temer, então você pode fazer o que bem entender. Por trás desse conceito está a ideia de que a sociedade nos impõe normas de conduta restritivas e que a real felicidade está em dar um drible nelas e fazer o que seus hormônios pedem. O clima desde ontem à noite nos noticiários, inclusive nos mais "sérios", como o Jornal Nacional da Globo, era de piada. O sumo desse caldo é: acreditar no fim do mundo é coisa de idiota, o mundo vai continuar do jeito que está por longas e longas eras (e que isso é uma coisa ótima) e, já que o mundo continua, temos que dar um jeito de realizar nossos desejos aqui e agora. O Apocalipse, contudo (o livro da Bíblia e não, a ideia que fazem dele), diz que o fim do mundo é uma coisa muita boa. Diz que o fim do mundo é sinônimo de ponto final na história da dor, da morte, da solidão e da opressão e aí nenhum de nossos projetos para esta realidade aqui pode ser melhor do que isso. O livro de Daniel diz que o juízo final é praticado "a favor dos justos" (7:22), ou seja, não é "contra alguém", mas "a favor de alguém", é algo que serve para salvar e não destruir. Como somos seres moralmente livres para escolher, podemos optar por, através de Jesus, ser "justos" e assim viver no ambiente sem mais dor ou lágrimas, ou então experimentar a morte eterna. E "ser justo" implica em não ter mais o desejo de fazer aquelas coisas que o mundo confunde com "aproveitar a vida". II Pedro 3 afirma que "no final dos tempos" virão zombadores afirmando que tudo está como sempre esteve e que a promessa de Jesus é furada. Não é o que acontece hoje? Suas previsões todas se cumpriram à risca até aqui. Crer nessa última implica em ser alvo da zombaria do mundo que acha que o fim do mundo é conversa pra boi dormir, mas é um preço bem pequeno a se pagar. Se você conhece este Deus fantástico e já passou tempo com Ele, sabe que pode confiar nEle. E na Sua promessa.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Baixe, leia e divulgue!


Amigos que me acompanham semanalmente, atendendo a solicitações de alguns de vocês, preparei um ebook com uma compilação de 366 textos escritos por mim nos últimos 14 anos. O resultado é um devocional com textos diários para reflexão. Acho que o resultado final ficou realmente muito bom, mas opinião de pai não serve, então preciso da sua opinião e de sua ajuda para divulgar o trabalho. 

"Instantâneos do Reino" está à disposição para venda aqui, basta clicar na capa do livro.

Espero que esse trabalho sirva para honra e glória de Deus e que de alguma forma ajude você a ter um ano fantástico ao lado dEle.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Jack Bauer e o bem maior


Durante as oito temporadas de 24 horas, série de TV americana estrelada por Kiefer Sutherland, vemos o agente Jack Bauer salvando a pátria ou a vida de milhões de pessoas em “tempo real”, ou seja, acompanhamos oito dias inteiros, de 24 horas, na vida desse personagem. Ele é um agente de uma unidade antiterrorismo e luta contra chineses, árabes, grupos paramilitares de ultradireita dos próprios Estados Unidos e outros inimigos, aparentes ou ocultos, enquanto precisa proteger a própria família. O reloginho digital que aparece de quando em quando mostra que o tempo está escoando e confere um ar de urgência e uma adrenalina difíceis de rivalizar na ficção contemporânea.

Mas há um outro aspecto da série que a torna um caso único: para conseguir seus fins, para alcançar seus nobres objetivos, Bauer não hesita em torturar. A tortura tem sido um tabu para a sociedade moderna. O mocinho pode matar à vontade, mas torturar não. A tortura é ultrapassar um limite vital. Mas no caso de Jack Bauer, para o grande público não há problemas nisso. Embora seja a primeira vez que o mocinho de uma série de TV lança mão de expedientes assim, está claro que ele está agindo por um bem maior. Sua ação está justificada. Além disso, vê-se que Bauer não é imune ao dilema ético envolvido na tortura; ele sofre, se angustia. O fato de ser um homem digno e de tentar ser um bom pai de família e esposo suavizam esse traço negro de sua personalidade.

A dúvida aqui é: um cristão estaria justificado por fazer o trabalho sujo por um bem maior? Há, enfim, fins que justificam alguns meios?

Penso que Deus tomou uma decisão análoga para nos liberar dela. Para que a raça humana sobrevivesse, Ele consentiu em entregar Seu Filho para ser torturado. Deus não tortura o outro, Ele Se deixa torturar para me fazer entender o quanto uma vida humana é sagrada e o quanto uma vida humana vale de fato. Ele faz isso com um respeito estrito à Lei. Ele critica as relativizações da Lei. “Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente” (Tiago 2:10).

Existem momentos em que uma mentira esteja justificada? Mesmo que seja uma mentirinha? Será que em alguns momentos não estamos justificados por reter alguns impostos? Será mesmo que não existem situações em que precisamos de uma válvula de escape moral para conseguir manter nossa caminhada ascendente?

Não, é a resposta dEle. Ainda que você sofra. Ainda que alguém que você ama sofra. Melhor coisa é chorar e sofrer agora para estar longe do choro e do sofrimento eternamente.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O que aprendo com fraldas



Estamos há duas semanas de volta ao magnífico mundo das fraldas, mamadas, choros e arrotos aqui em casa. Para alegria de minhas noites, o item “choros” é o menos frequente nessa lista e a ela podemos agregar uma paixão descomunal. Há algo de totalmente especial no afeto que se sente por uma criatura que ainda não interage com você e que depende de você pra absolutamente tudo, não por ela ser dependente e por não interagir, mas por ela ser carne de sua carne e sangue de seu sangue, com o que mais de metafísico esteja contido nesse fato.
E graças a estas palavras de Donna J. Habenicht (em “Como ajudar seu filho a amar Jesus”, Casa Publicadora Brasileira), não tenho mais pressa para chegar à fase em que ele interagirá comigo. Percebi que estes dias são igualmente importantes na formação do caráter de meu filho. Veja:
“Aprender a confiar é um estágio inicial no desenvolvimento da personalidade. Todo crescimento posterior da personalidade repousa sobre o fundamento da confiança. Um bebê que se desenvolve normalmente aprende a confiar durante o primeiro ano de vida, enquanto adultos amorosos lhe suprem as necessidades e o convencem de que o mundo é um bom lugar, onde ele pode confiar nos outros. Naturalmente, a criança pode desaprender a confiar mais tarde, se a vida lhe trouxer experiências cruéis, nas quais tenha que desconfiar a fim de sobreviver.
Aí é que entra amamentar, fazer arrotar, dar banho e trocar fraldas. Aprender as lições espirituais de amor e confiança envolve muito mais do que abraços e beijos, embora estes sejam importantes. Para um bebê, amor é ter alimento quando está com fome, conforto quando sente medo e agasalho quando está com frio.”
O que me conduz a uma interessante conclusão a respeito da natureza do sofrimento em minha vida. De fato, amor e confiança são coisas que temos ocasião de sentir quando aparecem a fome, o medo, o frio. Fome, medo e frio, uma lista exemplificativa, e não exaustiva, seriam oportunidades para aprender quem é confiável e para experimentar confiança. O nenê não se revolta porque chegou a sentir frio, ele se regozija porque o frio foi aplacado pela mãe e passa a confiar nela incondicionalmente. Assim, muito embora tenhamos a ilusão de querer poupar todo o sofrimento de nossos bebês, é justamente a aparição do sofrimento, da falta, que eles estão aprendendo o que há de mais importante na vida.
Quando algo faltar, amigo, saiba que é a ocasião em que você está sendo convidado a dar um passo vital em sua salvação eterna: confiar.