sexta-feira, 27 de abril de 2012

Job Description

“Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: ‘Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara’” (Mateus 9:36-38).

 Procura-se trabalhadores. Não se requer experiência prévia. Não se requer qualquer idioma estrangeiro, o melhor é que maneje razoavelmente o idioma local mesmo. Não se requer qualquer grau de escolaridade, titulação acadêmica ou distinção profissional. Não se requer domínio de qualquer ferramenta tecnológica ou habilidades inatas impressionantes, pois as habilidades que contam serão dadas pelo empregador.

Procura-se trabalhadores. Não se requer espírito de liderança, perfil hands on, boa aparência, cursos de extensão ou residência em algum ponto específico da cidade.

Procura-se trabalhadores para fazer um trabalho que os anjos não teriam eficácia em fazer. Procura-se trabalhadores capazes de olhar para as multidões e se compadecer delas. Procura-se trabalhadores capazes de fazer por uma ou duas pessoas de cada vez aquilo que o empregador fez por eles um dia. Procura-se trabalhadores que estejam atentas às ovelhas desgarradas e errantes que estão a seu lado, que estendam a mão e ofereçam o ombro sem esperar absolutamente nada em contrapartida. Trabalhadores que aliviem o fardo das ovelhas errantes como um fim em si mesmo, como Ele próprio o fez para alguns nos caminhos dos quais Se colocou.

Porque é tempo de trabalhar. Porque a seara é grande. Porque há uma parte dela, valiosa aos olhos do Pai, que está exatamente aí ao seu redor.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Três

Três é um número mágico quando o assunto é tempo. O tempo só tem três dimensões conhecidas - passado, presente e futuro - e é por isso que alguns consultores de gerenciamento de tempo dividem seu treinamento em três partes. Parece funcionar. Muita gente procura esses consultores porque o tempo é nosso grande inimigo. Lutamos sempre com ele, tentamos colocar-lhe cabrestos e de alguma controlar mas invariavelmente somos atropelados.

Toda nossa história se divide nessas três esferas: passado, presente e futuro. E se somos honestos acabamos reconhecendo que o passado nos condena, o presente não é tudo que poderia e deveria ser e o futuro não promete ser muito diferente.

Deus se apresenta a nós dividido em três pessoas também. Esse mistério sobre o qual a Bíblia pouco ou nada fala é nosso consolo, refúgio e esperança nesse momento de honestidade, quando o peso de nosso fracasso parece nos esmagar. Em sua incompreensível graça (outro mistério profundo), Deus em Sua palavra nos diz que é três e que é assim para agir em cada dimensão de nossa história.

O Filho atuou no passado. Ele pagou a conta que era nossa e que não tínhamos dinheiro para pagar. Ele enterrou o nosso passado. Ele arcou, sozinho, com as consequências de nosso passado para nós podermos ter o presente e o futuro a que só Ele teria direito. O Espírito atua no presente, nos convencendo do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8). Aquele momento de honestidade que nos esmaga, é obra dEle, mas Ele não para por aí. Ele nos convence da justiça, Ele aponta ao passado, aponta à obra do Filho e nos mostra que, tendo o passado tornado numa enorme e cintilante ficha limpa, temos o poder para viver uma vida nova hoje. O Pai, enfim, atuará no futuro. Quando soar a Sua trombeta (I Tessalonicenses 4:16, I Coríntios 15:51 e 52), seremos transformados por fora como já fomos por dentro pela obra do Filho e do Espírito.

Toda essa obra custou um preço muito, muito alto. Quando deixamos a culpa pelo passado corroer nossa paz e nos fazer doentes, jogamos no lixo o presente da salvação dado pelo Filho. Quando damos de ombros no presente e repetimos a ladainha “ninguém é perfeito mesmo...”, “ninguém é de ferro...”, “Deus vai entender...”, “é só uma fase...” ou qualquer desculpinha furada que inventemos para não crescer, jogamos no lixo o presente da salvação dado pelo Espírito. Quando vivemos como se essa vida fosse tudo e devêssemos sugá-la como se não houvesse uma eternidade, estamos virando as costas ao presente que o Pai está embrulhando com todo carinho.

Deus é três para abarcar o tempo inteiro. Deus é três para salvar você inteiro. Não separe para Ele só um pedaço de você.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A segunda mensagem

Se precisássemos resumir a mensagem de Jesus precisaríamos primeiro perguntar: para quem? Ao ler os evangelhos você encontra dois grandes discursos de Jesus, um que é direcionado ao mundo todo e outro que é específico para a igreja, para aqueles que atenderam ao chamado e O seguiram.

O discurso para o mundo todo, e que também é o discurso que a igreja deve pregar ao mundo, pode ser resumido como “a mensagem do reino”. Jesus passa todo Seu ministerio terrestre falando sobre o reino de Deus ou o reino dos Céus. Cada parábola sua é uma tentativa de explicar o que e como é esse reino, que “está no meio de vós” ou “dentro de vós” (Lucas 17:21), ou seja, não é uma realidade futura, apenas. Este reino tem sua ética e seus costumes próprios. Nele, o primeiro será o último e vice-versa. Nele, quem é ferido numa face oferece a outra, o amor é a tônica maior, o respeito e a tolerância vêm na sequência e todo cidadão é um multiplicador de perdão.

Em Sua última semana antes da crucificação, contudo, Jesus muda o discurso. Ele passa a falar diretamente à igreja. Esta é uma mensagem que não é para o mundo inteiro, mas exclusivamente para aqueles que já ouviram a mensagem direcionada ao mundo inteiro e a aceitaram. E qual é o resumo dessa mensagem? Bem, o que Jesus queria que Sua igreja tivesse em mente, aquilo que Ele repete à exaustão naquela última semana, é: “vigiem!”

A pior coisa que poderia acontecer a Sua igreja, Ele diz, é que ela vivesse como os contemporâneos de Noé, que “comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento” (Mateus 24:38). Pessoas que se ocupam apenas de comer, beber e casar, ou seja, pessoas que estão absorvidas completamente pelas coisas temporais desta vida estão desatentas. Elas não estão vigiando. E, embora Noé estivesse rouco de tanto pregar, quando a arca se fechou os pegou de surpresa. Mais que isso, o membro da igreja de Cristo que em seu coração diz “o meu Senhor tarda em vir” começa, talvez inconscientemente, a espancar seus outros irmãos e tempos depois já está com os beberrões e glutões (Mateus 24:45-51).

O mundo vai ficando confortável. As muitas (e cada vez mais!) coisas desta vida vão absorvendo toda nossa energia e todo nosso tempo e a gente tende a se acomodar na cadeira. A gente começa a dar umas pescadas, as pálpebras vão ficando pesadas.

Para que o mundo possa ouvir de mim e de você a mensagem do reino, para que ele possa ler a mensagem do reino nos meus atos, é preciso que eu abra os olhos, jogue água fria no rosto e escute a enérgica advertência: vigie! Vigie!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A páscoa é minha

A primeira páscoa aconteceu no dia em que caiu a última das dez terríveis pragas que assolaram o Egito por ocasião da libertação do povo hebreu da escravidão. Até então, cada praga que caía (piolhos, rãs, pústulas, chuva de pedras, etc) poupava a terra de Gósen, onde estavam os hebreus. De certo modo, portanto, as pragas eram para os egípcios, não para os hebreus; estes não precisavam se preocupar com elas. Para a última e mais cruel praga, contudo, Deus deu ordens para os hebreus; se eles as descumprissem, sofreriam com o mesmo destino que os egípcios.

Moisés pediu ao povo para separar um cordeiro no dia 10 do mês e, no dia 14, este animal deveria ser imolado, seu sangue separado e seu corpo assado. O sangue deveria ser aspergido nos batentes das portas. Toda porta que tivesse aquele sangue não sofreria a última praga, que era a morte do primogênito da casa, seja se pessoa seja de animal.

A praga era para o Egito. Era o Egito quem mantinha a opressão da escravidão sobre o povo de Deus. Era o Egito quem se recusava a permitir aos hebreus adorar a Deus. Era o Egito quem usava da força para obter mão de obra gratuita, numa atitude contrária ao caráter e aos princípios do Reino de Deus. Mas, ainda assim, mesmo havendo garantida a salvação para os primogênitos hebreus, eles deveriam observar o ritual daquela primeira páscoa, caso contrário seus primogênitos seriam ceifados.

A primeira páscoa falava de libertação. Libertação da sentença de morte, libertação da escravidão. A primeira páscoa simbolicamente falava, portanto, da solução de nosso maior problema, a libertação de nosso impiedoso senhor, o pecado. A primeira páscoa apontava à última páscoa, quando o Cordeiro que tira o pecado do mundo seria morto e seu sangue representaria a vida para Seus filhos. Na última páscoa como na primeira, a morte não toca aqueles que têm o sangue na porta de suas casas.

O que Deus quer dizer hoje com isso tudo é que a salvação que foi garantida para você não vai lhe adiantar de nada se você não tomá-la e pintar as portas de sua casa com ela. Não adianta Jesus estar morto naquela rude cruz se você não fizer um gesto de apropriação daquela salvação. Se você não estender sua mão, tomar aquele sangue e o colocar bem alto em um lugar que qualquer um possa ver. Você precisa dizer “Senhor, eu quero a salvação”. Você precisa dizer “Senhor, eu não me envergonho da salvação, quem passar pela minha casa verá que eu confio nela”.

A páscoa celebra a vitória, mas você precisa entrar em campo para ela ser sua também. O resto – a parte difícil, a parte que se humilha, sangra e é açoitada e zombada – o Cordeiro faz. Faça a páscoa sua. Hoje e cada dia de sua vida.