sexta-feira, 26 de junho de 2009

Considere o Deus inverossímil

Pode ser, por exemplo, que alguém não tenha tido um pai ou uma mãe que realmente se importasse e se interesasse com o que lhe acontecesse. Pode ser que alguém carregue nos ombros o peso de atos dos quais se envegonha tão profundamente que acabe se julgando indigno. Ou então alguém que esteja em uma situação de preponderância e que se perceba incapaz de sentir a mínima empatia por aqueles que estão abaixo de si. Apenas três hipóteses que explicariam a razão pelas quais muitas pessoas se sentem mais confortáveis com a ideia de um Deus irascível e distante, ou então um deus impessoal, mera energia mística que está em tudo e em todos.

Por mais que a tanta gente esta seja a noção que apresenta maior razoabilidade e que seja mais verossímil, ela dará tilt, entrará em curto circuito ao abrir a Bíblia. Porque a Bíblia não se limita a dizer que Deus existe, ela vai ao extremo de afirmar categoricamente que Ele tomou a nossa forma, baixou a guarda, tornou-se vulnerável, sujeito às mesmas dores e paixões que nós e, por fim, acabou morto.

Um Deus pessoal, debruçado sobre este mundo e sobre cada um de seus habitantes cheio de um genuíno interesse, capaz de sofrer quando sofrem e de se alegrar quando se alegram. Eis o quadro que a tantos causa desconforto, porque destoa do que lhes parece a ordem das coisas.

Pois bem, a noção que temos de Deus impacta diretamente no tipo de pessoa que somos e somente encarar esse Deus inverossímil - o Deus que ama, chora e sorri sem deixar de ser onipotente - pode fazer uma revolução a tal ponto radical que torna o crente capaz de superar aquelas situações que fazem com que a ideia de um deus impessoal seja mais palatável. Somente considerar a possibilidade Jesus Cristo pode fazer alguém superar, só por exemplificar, a ausência de pais amorosos, a culpa pelo passado ou sua própria insensibilidade ao sofrimento alheio.

Se há alguém me lendo que também sente o estômago revirar ao considerar seriamente o Deus que Jesus mostrou, gostaria de lhe dar hoje uma dose terapêutica dEle. Entre tantas opções, pincei esta: "E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos. E disse-lhes: tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoas, antes da minha paixão; pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus" (Lucas 22:14-16).

Considere o Deus que deseja ardentemente estar à mesa com seus amigos antes de se despedir. Considere o Deus que está agora ardentemente desejando ver a cena se repetir em Seu reino. Considere que Seu coração pulsa mais forte ao imaginar você, sim, você, naquela mesa.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A esperança

Há quase dois anos estávamos todos abismados com o acidente envolvendo o avião da TAM que se chocou contra um edifício em São Paulo. Hoje estamos consternados com o desaparecimento de mais de 200 pessoas que cruzavam o Atlântico em um boeing da Air France.

Há dois anos, escrevi algo que entendo pertinente ser relembrado (com pequenas adaptações):

Na dinâmica da vida urbana contemporânea estamos cotidianamente na dependência do trabalho de milhares de pessoas que não conhecemos. Estamos confiando nos mecânicos contratados pela companhia aérea, na perícia dos pilotos nas autoridades que determinam se uma pista é segura ou não, nos controladores de vôo, nos metereologistas. Estamos confiando nas autoridades que determinam se a matriz energética é suficiente. Estamos confiando que os técnicos de trânsito estão fazendo o trabalho necessário a que as cidades não fiquem paradas, que as obras do metrô não vão abrir crateras abaixo de nossos pés, que o leite que compramos é leite mesmo, que a alface da salada que comemos no restaurante foi bem lavada e que o palmito não nos deixará entrevados durante anos.

Estamos confiando que podemos sair de casa com tranqüilidade para chegar no trabalho sem sofrer ameaças com armas de fogo apontadas para nossas cabeças.

Mas de quando em vez, e com cada vez mais freqüência, somos notificados de que nossa confiança é traída. Aquelas pessoas não fizeram seu trabalho.

Para não viver sob o signo do medo, furtando-se a viver plenamente pelo tempor do que pode acontecer, o que significaria apenas sobreviver, só temos duas opções: ser otimistas ou ter esperança. O otimismo tem a ver com temperamento ou então com auto-sugestão. É o caso de repetirmos para nós mesmos que tudo está bem, que tudo vai
ficar bem. Think positive, dizem os livros de auto-ajuda.

Esperança é algo distinto. A esperança repousa na confiança no autor de uma promessa. Como nasce de um relacionamento com alguém confiável, é claramente muito mais eficaz do que o otimismo. A boa notícia é que a esperança é possível. "Deus, nosso Salvador, e Cristo Jesus, esperança nossa" (I Timóteo 1:1).